...recomendo vivamente a leitura de um texto de opinião publicado ontem no jornal Página 1, de autoria do diretor do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, da Universidade do Minho, Manuel Pinto. O texto é concluído com a seguinte afirmação: "Não há internet segura. Há pessoas mais ou menos seguras no uso da internet". Desde já é preciso dizer que a frase é um apelo para que se invista em literacia tecnológica, mas também, como o próprio autor refere, em literacia mediática, cívica e política.
Não, eu não pretendo dar aqui nenhum conselho sobre o uso seguro da internet. Diz o bom e velho ditado popular que se conselhos fossem bons eram vendidos.
Proponho, então, uma breve reflexão sobre o que vem a ser segurança e do nosso papel de mãe como provedoras desse sentimento. As minhas fontes provêm de interpretações psicanalíticas.
A nossa primeira ansiedade, após a nascença, é sermos segurados de modo inseguro (D.W. Winnicott). Nesta única afirmação conseguimos apreender, para além do seu sentido literal, pelo menos dois significados para o termo segurança.
O primeio é aquele que é sinónimo de ponto de apoio, de homeostase: o filho que se agarra à mãe e que é agarrado por ela para não cair. O equilíbrio é dado ao bebé pelo colo da mãe. O segundo é aquele que, sendo contrário à ideia de risco, aproxima-se da noção de confiança, que começa a ser moldada desde o nascimento.
Podemos dizer que "o estado geral de confiança implica não só que um indivíduo aprendeu a confiar na uniformidade e continuidade dos pais, mas também pode confiar em si mesmo e na capacidade dos seus orgãos para enfrentar os desejos urgentes; e que é capaz de se considerar suficientemente digno de segurança." (Erik Erikson)
Feitas essas duas considerações, proponho que pensemos agora na frase da seguinte forma: Não há internet segura. Há pessoas mais ou menos confiantes no uso da internet.
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